O Shifter participou numa conversa sobre “a dissolução do real” e “o fim da verdade objectiva”, a convite do Atelier-Museu Júlio Pomar.
Tirar tempo para pensar e pensar com tempo é um luxo hoje em dia, mas que o Shifter X procura estimular em conjunto com os parceiros certos. Em Julho de 2021, o director e editor do Shifter, João Gabriel Ribeiro, participou numa sessão integrada no ciclo de conversas e debates O Fim da Verdade Objectiva, concebida e moderada pelo investigador João Ricardo Mateus. Nesta sessão, discutiu.-se “a dissolução do real”.
O Fim da Verdade Objectiva radica num programa de reflexão e discussão concebido para questionar modelos e paradigmas de actuação depois da inexistência de uma verdade única e objetiva. Partindo deste pressuposto relativo ao fim de uma matriz pela qual a sociedade se podia reger, importa identificar o que precede e o que substituirá esse paradigma baseado numa ideia de verdade unívoca.
Na conversa sobre “a dissolução do real”, participaram também Carolina Novo, investigadora, licenciada em Línguas e Relações Internacionais e mestre em História e Relações Internacionais pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto; e Jéssica Sousa, jornalista, licenciada em Línguas e Estudos Editoriais pela Universidade de Aveiro. Neste sessão, como nas restantes do ciclo, procurou-se contribuir “para a construção de pensamento crítico e para uma tentativa de contextualização dos paradoxos que envolvem as questões de comunicação, informação e respetivos canais de difusão, nomeadamente no domínio público e para o espaço público”.
Uma redução da linguagem é uma diminuição e restrição daquilo que pode ser articulado, e como tal, uma limitação das possibilidades. O fim de uma suposta verdade objetiva tem impacto em quase todos os aspetos da nossa realidade, em particular, nos mecanismos que exercem a regulamentação do real. A dissolução da palavra e a sua multiplicação semântica obrigam a que sejam colocadas, e respondidas, novas perguntas, de que são exemplo: O que constitui participação democrática em 2021? Como é suposto selecionar a informação que realmente interessa? Que visões do futuro as imagens, os discursos e os grupos de hoje permitem? A terceira e última sessão irá assim dedicar-se à dissolução dos valores democráticos, à dissolução das palavras e à dissolução de uma determinada imagem que se tinha do real, entretanto, substituída e atualizada.
O ciclo foi preservado no espaço e no tempo com a publicação de um livro, editado pelo Atelier-Museu Júlio Pomar/EGEAC, que condensa textos e ensaios das várias pessoas que participaram nestes encontros.